Uma das palavras mais ouvidas em grandes empresas de engenharia é a capabilidade. Mas o que é capabilidade do processo?

A capabilidade não está presente nos dicionários da língua portuguesa, sendo originária da palavra em inglês “capability”, que indica a capacidade de atender a um requisito.

Existem alguns indicadores utilizados pela gestão de qualidade para otimizar processos e obter melhores resultados, conhecidos como índices de capabilidade. Esses índices estão sendo amplamente empregados para avaliar se o resultado de um processo está de acordo com as tolerâncias especificadas.

Você sabe o que é capabilidade do processo? Como utilizá-los? Não?

Continue a leitura deste post e entenda o que é capabilidade do processo e como utilizar os indicadores para otimizar resultados e ter processos mais satisfatórios. Vamos lá?

O que é capabilidade do processo?

Conforme já destacamos, a palavra capabilidade não está presente no dicionário da língua portuguesa. Portanto, não é uma palavra comum para o nosso dia a dia. Isso faz com que muitas pessoas a confundam com capacidade. Então vamos explicar de uma vez por todas o que é capabilidade do processo.

Essa é uma das principais dúvidas que pessoas não familiarizadas com o tema possuem. É preciso deixar claro que a capacidade está ligada a quantidade que um processo pode entregar de um produto em um determinado período de tempo. A capacidade de uma indústria pode ser 500 unidades por hora.

Já a capabilidade está diretamente relacionada à performance do processo em atingir uma especificação determinada para o processo ou produto em questão. Exemplificando, será que os processos de uma determinada indústria conseguem atingir a especificação necessária?

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Os indicadores de processos

Agora que você já compreendeu o que é capabilidade do processo e não o confundirá mais com capacidade, é preciso entender quais são os indicadores de capabilidade.

Pode-se dizer que existem dois indicadores principais:

  • Cpk (índice de capabilidade de centralização de processo)
  • Ppk (índice de performance de centralização de processo)

O Cpk deriva-se do Cp, que corresponde à tolerância máxima das especificações comparadas a capacidade do processo, visando descrever melhor o que se pode esperar do processo.

Em termos de Cpk, podemos dizer que ele leva em consideração o conceito do Cp e a sua localização, com respeito aos limites de especificação.

O mesmo acontece com o Ppk, que por sua vez deriva-se do Pp. Este pode ser estabelecido quando há a presença de causas especiais e comuns de variações, levando em consideração o estado atual do processo.

Logo, o Ppk leva em consideração a centralização da amostra em relação à especificação.

Pode-se afirmar que o índice Cpk está relacionado com o curto prazo, enquanto o Ppk relaciona-se com o longo prazo, analisando a performance do processo no passado.

O que é necessário para a realizar os cálculos?

Obviamente, é preciso reunir e analisar alguns dados antes de iniciar o cálculo dos indicadores de capabilidade. Sendo assim, é fundamental observar informações como a quantidade de dados, as variáveis e o funcionamento do sistema.

Os indicadores de capabilidade podem ser analisados com o uso de dados históricos coletados especificamente para essa finalidade. É imprescindível garantir que os dados sejam gravados em ordem cronológica, facilitando a sua interpretação e utilização.

As variáveis serão utilizadas para avaliar se os dados são confiáveis e verificar a forma utilizada para coletar as amostras. Existem três métodos principais para empregar o uso de variáveis no estudo de capabilidade do processo:

  1. método normal;
  2. método between/within;
  3. método não normal.

O método normal analisa dados que seguem uma distribuição normal, podendo ser utilizados em subgrupos naturais.

O método between/within é utilizado para a coleta de dados em subgrupos muito específicos

Já o método não normal consiste na utilização de dados originários de uma distribuição não normal, que exigirá uma análise mais complexa.

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Como podemos calculá-los?

Os dois indicadores possuem fórmulas para a realização dos cálculos. O cálculo do Cp, por exemplo, pode ser realizado pela divisão entre a variação permitida dentro das especificações e a variação esperada no processo.

A variação permitida dentro das especificações pode ser obtida pela subtração do Limite Superior de Especificação (LSE) pelo Limite Inferior de Especificação (LIE), enquanto a variação esperada no processo é representada pela média aritmética da população multiplicada por seis.

Com o intuito de caracterizar a localização do processo no Cpk, devemos utilizar a distância média do processo com sua especificação mais próxima. Assim, o cálculo do Cpk pode ser executado pela fórmula:

Cpk = min ( (LSE – Média), (Média – LIE) / (3 * variação esperada do processo)

Em contrapartida, o cálculo do Pp pode ser realizado pela divisão entre a variação permitida dentro das especificações e a variação do processo no passado (desvio padrão de longo prazo).

Assim, temos:

Ppk = min ( (LSE – Média), (Média – LIE) / (3 * variação de longo prazo)

Uma dica que pode facilitar o cálculo e a utilização dos índices de capabilidade é que eles podem ser calculados utilizando a ferramenta minitab, de uma maneira simples e fácil. Vale a pena testar, não é mesmo?

Como analisar os resultados?

Após entender o que é capabilidade do processo, realizar os cálculos e obter os resultados, é preciso saber avaliá-los para montar um estudo de capabilidade do processo completo e preciso.

O Cpk permite a determinação se o processo atende os requisitos do cliente ou não. Caso o valor encontrado esteja muito perto do limite inferior, pode-se dizer que ele não é adequado.

Sendo assim, pode-se afirmar que valores mais altos de Cpk indicam processos mais capazes e valores mais baixos indicam processos mais deficientes, que precisam de melhorias.

Os valores encontrados no Ppk dizem respeito ao desempenho real do processo que o cliente vivencia ao longo do tempo. Portanto, valores mais baixos de Ppk representam processos que necessitam de ajustes, enquanto os valores mais altos estão ligados a processos mais adequados.

É importante destacar que os índices Cpk e Ppk podem ser utilizados para medir a capacidade de um processo analisando apenas o limite de especificação mais próximo da média do processo. Então estes índices apresentam apenas um dos lados da curva do processo, não medindo a sua execução no outro lado da curva.

Se o seu processo produz itens fora de conformidade que estejam fora de ambos os limites inferiores e superiores de especificação, por exemplo, será necessário utilizar medidas de capacidade adicionais na saída, permitindo uma avaliação mais detalhada do desempenho do processo.

Os indicadores de capabilidade são recursos excelentes para otimizar processos e melhorar os resultados empresariais, principalmente na indústria. Pode-se dizer que a sua aplicação é um pouco complexa, mas nada que a realização de um curso de capacitação não seja suficiente para solucionar este problema.

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Autor

Autor de 2 livros publicados: "Lean Six Sigma: O guia básico da metodologia" e "101 Dúvidas sobre Lean Six Sigma". É formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual Paulista - UNESP. Estudou Business and Process Management pela University of Arkansas - EUA, direcionando sua especialização em Lean Seis Sigma e Gestão Empresarial. Professor de empresas como BRF, Plasútil, Usiminas, Petrocoque, Avon, Mondelli, UNESP, JohnDeere e de mais de 60.000 alunos na comunidade online. Com mais de 30 mil certificados emitidos, é CEO da Frons, uma plataforma focada em melhoria contínua e gestão de processos.